Entenda como é feita a cobrança das taxas de consórcio
O consórcio é uma das alternativas mais interessantes para se adquirir um bem ou serviço, porque as taxas cobradas são bem mais baixas do que em um financiamento, por exemplo. O problema é que muita gente confunde taxa de consórcio com juros e deixam de aproveitar grandes oportunidades de investimentos.
Para resolver isso, decidimos elaborar um post explicando quais são as taxas cobradas em um consórcio e como você deve calculá-las da forma exata. Assim, descobrirá como a estratégia é vantajosa, tornando a realização do seu sonho mais fácil e rápida. Confira!
Quais são as taxas de consórcio cobradas?
Antes de aprender como calcular, você precisa saber quais taxas são cobradas. Algumas sempre existem, como a taxa de administração e o fundo de reserva; já outras apenas aparecem em algumas situações ou não são incluídas por todas as administradoras. São elas:
Taxa de administração
A maioria das pessoas compara a taxa de administração com os juros cobrados em uma modalidade de financiamento. Mas são cobranças totalmente diferentes. Para entender a diferença, basta analisar a forma como cada uma delas é calculada.
No financiamento, as taxas são calculadas usando a fórmula de juros compostos, e o cálculo é baseado sempre no valor residual após a amortização mensal.
Ou seja, a cada parcela paga, o cálculo é refeito em cima do valor restante devido, e o valor final pode mudar diversas vezes, dependendo do percentual das taxas cobradas mês a mês e de quanto a pessoa pagará por mês.
Além da complexidade do cálculo, o financiamento faz com que o valor final do bem fique mais alto do que em um consórcio, chegando a pagar entre o dobro e o triplo do valor de mercado.
Já a taxa de administração é bem menor e muito mais simples de ser calculada, pois consiste apenas na diluição dela entre as parcelas do consórcio contratado. O impacto gerado no orçamento é bem menor e, devido à consistência da cobrança, permite um melhor planejamento.
Mesmo que os juros de um financiamento fossem cobrados por meio de juros simples, o valor final ainda seria maior. Isso acontece porque a taxa de juros é redefinida a cada ano e fica em torno de 1,5%, 2% ou mais ao mês, enquanto a taxa de administração de um consórcio raramente chega a 1% ao mês.
Diferentemente da taxa de juros, a taxa de administração é cobrada de forma discreta, sendo uma forma de manter o consórcio funcionando corretamente e garantir que os participantes tenham acesso aos bens após a contemplação do consórcio contratado.
Fundo de reserva
O fundo de reserva, assim como a taxa de administração, é uma taxa de consórcio cobrada de maneira fixa e diluída entre as parcelas. Essa taxa não é uma regra, mas a sua existência é uma garantia a mais de que os consorciados serão contemplados com bens ou serviços contratados quando forem sorteados, derem lances nas assembleias ou finalizarem todos os pagamentos.
Ela serve para cobrir eventuais inadimplências de um ou mais participantes sem afetar o restante do grupo, por exemplo. O valor é tão baixo que, mesmo somado com a taxa de administração, ainda não chega perto de uma taxa de juros cobrada por uma modalidade de financiamento. O seu percentual gira em torno de 1% a 2% do valor final do bem ou serviço contratado.
No encerramento de um grupo de consórcio, caso existam valores acumulados no fundo de reserva, o montante é devolvido aos consorciados proporcionalmente.
Seguro
O seguro também é uma taxa comum entre os consórcios, mas a sua cobrança depende do bem ou serviço contratado, e seu cálculo depende das condições estabelecidas pela seguradora.
Essa taxa tem a finalidade de proteger os participantes contra a falência de uma empresa de consórcios, por exemplo, garantindo a devolução de pagamentos, e assegurar a contemplação de todos. O valor também é bem pequeno e não gera um grande impacto no valor final do bem ou no valor das parcelas, sendo de valor fixo e dividido igualmente entre as mensalidades.
Seguro de vida
Outro tipo de seguro que comumente está incluso em um consórcio é o de vida para o consorciado. Ele serve para que as parcelas restantes do produto adquirido sejam pagas caso o consorciado faleça.
Assim, a dívida não fica em aberto, e a família do titular, ou qualquer pessoa oficialmente colocada em testamento, tem o direito de receber o bem ou serviço contratado na realização do consórcio.
Igualmente ao tipo de seguro citado acima, este é cobrado em percentual muito baixo, com valor fixo e tem impacto ínfimo nos valores pagos e no montante final.
Taxa de adesão
A taxa de adesão nem sempre é cobrada, mas algumas situações podem impor que os consorciados tenham de pagá-la.
Por exemplo, se a administradora conta com outras empresas como representantes autorizados ou vendedores autônomos para captação de clientes e fechamentos de novos negócios, a taxa de adesão pode ser cobrada — e deve ser paga à administradora.
É como uma espécie de remuneração da pessoa ou empresa representante pela intermediação do consórcio, trabalho no qual está incluso o processo de encaixe do cliente ao melhor produto para seu perfil.
O percentual dessa taxa de consórcio pode chegar a 2% do valor do bem ou serviço contratado e, quando existente, deve ser quitado no ato da aquisição da quota de consórcio.
É a única taxa paga individualmente, fora das parcelas. As demais são incluídas nos valores totais de cada mensalidade.
Reajuste
O reajuste não é exatamente uma taxa e não funciona como um custo adicional ao consorciado. É apenas uma forma de manter o valor do bem ou serviço íntegro mediante a inflação, que pode corroê-lo sem atualização de valor. Porém, não deixa de ser um fator que eleva as mensalidades algum tempo após a contratação do consórcio.
Por exemplo, R$ 50 mil atualmente têm determinado poder de compra, mas terão menos poder daqui a quatro anos. Logo, a cifra precisa ser atualizada para que o valor contratado seja entregue de fato mesmo anos depois, o que consequentemente demanda atualização também das mensalidades.
Para ficar ainda mais claro podemos citar o caso dos imóveis. Uma casa que atualmente vale R$ 300 mil há alguns anos custava aproximadamente R$ 280 mil, e cinco anos à frente poderá estar avaliado em cerca de R$ 320 mil.
Como calcular as taxas de consórcio?
Agora que você conhece as taxas de consórcio, pode aprender como calcular cada uma delas e chegar a um valor final mais exato do consórcio contratado, bem como das parcelas mensais. Vamos a um exemplo prático:
A primeira coisa que se deve fazer é saber o valor nominal da taxa de administração, o valor do bem ou serviço e a quantidade de parcelas que pretende contratar.
Por exemplo: imagine um consórcio com uma taxa de administração fixada em 15%, valor do bem ou serviço contratado na casa dos R$ 30 mil e com 50 prestações de valor igual.
Veja como fazer o cálculo:
Viu como é simples?
Agora, considere o mesmo exemplo, mas com uma taxa de 2% de fundo de reserva sobre o valor do bem ou serviço contratado.
Digamos que, nesse exemplo, o consórcio cobre uma taxa de 2,5% de seguro sobre o valor final do bem ou serviço contratado.
Agora, suponhamos que o produto tenha a adição de 1,5% de seguro de vida sobre o valor total do crédito.
Dessa forma, podemos chegar ao valor final do consórcio, bem como de cada parcela que será paga. Veja como:
O cálculo das taxas de consórcio é bem simples de ser feito e entrega valores mais claros e exatos para o cliente por se tratar de uma conta linear.
No momento da aquisição do consórcio, também é muito fácil e rápido entender exatamente todos os fatores e números envolvidos com o produto específico. Tanto os totais quanto os percentuais obrigatoriamente constam no contrato que o consorciado e o representante da administradora assinam.
Por que o consórcio não tem taxa de juros?
Os juros, colocando de maneira simplificada, são a remuneração das instituições financeiras e de outros tipos de empresas pelo concedimento de financiamento, seja para aquisição de bens ou para empréstimo de dinheiro.
Segundo o Banco Central, que regulamenta e fiscaliza o mercado financeiro, o de crédito e também os consórcios, esse modelo de compra de bens e serviços é um autofinanciamento dos participantes. Isso se deve ao fato de eles próprios, em grupo e individualmente, contribuírem para os montantes que, nas contemplações, são concedidos para as aquisições.
Na prática, as pessoas físicas unem-se para adquirir o que desejam contribuindo para a formação do crédito e pagando as parcelas desde antes de fazerem suas compras — isso caracteriza o autofinanciamento.
Ainda que algumas pessoas sejam contempladas antes do final dos grupos, por sorteio ou lance, isso não descaracteriza um consórcio como autofinanciamento, pois majoritariamente essa é a forma de funcionamento dele.
Como de maneira alguma empréstimos são concedidos, a cobrança de juros não faz sentido por isso e por não existir risco de crédito de valores concedidos a pessoas, mesmo com a inadimplência de consorciados.
Quanto à taxa de administração, sua cobrança faz sentido porque é a remuneração da administradora pelo trabalho de gestão de quotas e grupos junto ao seu lucro, o que justifica a nomenclatura.
Por que as taxas de consórcio impactam pouco nas finanças?
No exemplo acima, utilizamos um produto com prazo de pagamento de 50 meses. Mas é importante lembrarmos que é possível adquirir consórcios para prazos mais longos, chegando a 95 meses.
Logo, tanto as taxas quantos os valores de amortização acabam pesando menos no bolso do comprador em cada mês.
Considerando que obtivemos o valor mensal de R$ 726 no cálculo acima para pagamento em 50 parcelas, teríamos quase a metade em outra conta aplicando algum prazo máximo: 36.300 / 95 = R$ 382,10.
De qualquer maneira, levando em conta as taxas de juros dos financiamentos e comparando-as com as de consórcios, a primeira modalidade sempre apresenta parcelas e montante maiores, bem como número de mensalidades menor. Ou seja, as parcelas do financiamento de um veículo de R$ 36.300 em 48 vezes, máximo possível, superariam os valores das 50 parcelas do exemplo colocado.
Além disso, na maioria das vezes, quem deseja financiar um veículo ou qualquer outro bem precisa dar uma entrada de 10%, 20% ou até 30% do seu valor, o que pode inviabilizar a aquisição logo de início. Já o consórcio não exige nenhum valor inicial ou somente uma pequena taxa de aquisição, a depender da compra feita, impactando menos nas finanças.
Agora que você já sabe como calcular cada taxa de consórcio, pode perceber o quão vantajoso o modelo é em relação a um financiamento. Então, não perca mais tempo: planeje hoje mesmo a contratação de um seguro para realizar o seu sonho de forma mais rápida e barata!
Aliás, falando em planejamento, conheça 6 práticas para manter suas contas sempre em dia para manter seu futuro consórcio mais facilmente!