Afinal, quando o consórcio vale a pena?

Você gosta de trocar de carro com frequência, mas os juros altos e as taxas cobradas o desanimam. Afinal de contas, perder dinheiro nunca é legal. É por isso que você pensou em outra modalidade de compra e tem a seguinte dúvida: o consórcio vale a pena?

A resposta é sim. Em meio à crise econômica pela qual o Brasil vem passando, o consórcio de veículos leves aumentou em 2016 e terminou o ano com 3,38 milhões de consorciados ativos, uma alta de 5,6% em relação ao mesmo período de 2015, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).

Além desses dados, há outros motivos que justificam a contratação dessa modalidade de financiamento. É o que vamos abordar neste post. Para você saber os principais detalhes, apresentaremos os seguintes tópicos:

Quer saber tudo isso? Aproveite este artigo e acompanhe todos esses detalhes!

O funcionamento do consórcio e suas vantagens

O consórcio é uma modalidade em que os participantes adquirem cotas de um grupo e passam a fazer parte dos sorteios. O pagamento é feito mensalmente e os valores repassados à administradora vão para um fundo comum. Por isso, entende-se que essa categoria faz parte do crowdfunding (compra colaborativa).

Apesar de o dinheiro ser inserido em uma poupança compartilhada, cada participante do consórcio tem um valor relativo à carta de crédito adquirida. Quando são contemplados podem adquirir o bem à vista no estabelecimento, já que as parcelas mensais continuam sendo válidas.

Por exemplo: você adquire uma cota no valor de R$ 80 mil para adquirir um veículo. O valor pago mensalmente é de R$ 1.500. Não importa quando você for contemplado, pode comprar o seu carro à vista na concessionária.

A contemplação com a carta de crédito pode ocorrer de duas formas:

Sorteio

Esse processo ocorre no mínimo uma vez por mês e deve ser realizado conforme determinam as regras de loteria. Isso significa que há bolas numeradas em um globo esférico. Elas são retiradas e o número sorteado é a pedra-chave que foi formada.

Nesse caso, não há aplicação de valor algum e você não precisa investir dinheiro extra. No entanto, precisa contar exclusivamente com a sorte para ser sorteado.

Lance

No lance, você, como consorciado, oferece um valor para tentar ser contemplado antes do tempo. Assim consegue obter o bem que deseja mais rapidamente.

Há 3 tipos de lances:

Embutido

É específico para quem não tem dinheiro à vista para empregar no lance. Por isso, o consorciado usar uma parte da carta de crédito como forma de dar esse valor. Esse percentual pode variar entre 10% e 20%. Na prática, se você tiver uma cota de R$ 300 mil e der 10% como garantia receberá R$ 270 mil para usar na compra do veículo;

Livre

É o formato de lance mais conhecido. Nele, o consorciado oferece uma quantidade de parcelas que serão antecipadas, e ganha quem oferecer o valor mais alto;

Fixo

É um lance cujo valor mínimo é definido pela administradora do consórcio. Assim, quem oferta o total correspondente participa de um sorteio diferenciado.

Agora que você entendeu como funciona o consórcio, que tal ver as vantagens dessa modalidade? Confira:

Diversidade de planos

O consorciado define, na assinatura do contrato, qual é o valor da carta de crédito (que corresponde ao montante esperado para a compra do bem), a quantia paga mensalmente e o prazo de quitação da dívida. Assim, você delimita os valores conforme o que precisa e cabe no seu bolso. É, portanto, um mecanismo flexível.

Baixos custos

O sistema de consórcio não possui juros. Na realidade, o integrante paga apenas a taxa de administração, que é um valor aplicado para a que a administradora forme, organize e administre o grupo de consórcio.

Parcelamento total do bem

O consórcio não conta com o pagamento de entrada. O valor total da carta de crédito é dividido em prestações predeterminadas. Caso tenha algum valor extra, pode guardar ou investir para futuramente dar um lance.

Flexibilidade de uso

O contemplado pode usar o valor da carta de crédito como quiser, desde que adquira um bem que pertença à categoria do seu grupo. Por exemplo: se for de veículos, pode selecionar qualquer carro, mas não tem a possibilidade de comprar um apartamento. Isso assegura maior flexibilidade de utilização.

Poder de compra à vista

A carta de crédito serve como o pagamento à vista do bem. Desse modo, você pode tentar conseguir um desconto ou obter algum benefício, como um acessório que não faça parte do pacote básico.

Valor do bem atualizado frequentemente

A aquisição da cota do consórcio corresponde ao valor do bem — por exemplo: um carro específico que valha R$ 80 mil. Se o preço de uma nova versão desse veículo aumentar para R$ 85 mil, sua carta de crédito também é reajustada, bem como o total das parcelas. Essa medida é tomada para garantir que o montante respectivo esteja sempre atualizado.

O consórcio como estratégia de acúmulo de patrimônio

Os benefícios verificados até aqui, no entanto, vão muito mais além. Uma das principais vantagens do consórcio é servir como uma estratégia para o acúmulo de patrimônio.

Por que isso ocorre? A resposta é evidente: você não paga juros e investe um valor extra irrisório para conseguir comprar os bens de que necessita. Assim pode adquirir sua casa e carro próprios investindo praticamente o mesmo valor cobrado pelo objeto.

Para entender melhor, veja a seguinte comparação entre o consórcio e o financiamento. Imagine primeiramente um imóvel de R$ 500 mil com um prazo de pagamento de 10 anos.

No consórcio, uma média de taxa de administração, nesse caso, de 17% no período mais correção do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) na ordem de 5% ao ano. Fazendo os cálculos, o total pago chegaria a R$ 735.806,93.

Já no financiamento do mesmo imóvel, a taxa de juros seria, em média, de 11% ao ano. Isso resultaria em R$ 779.673,60. Ou seja, o consórcio economiza R$ 43.866,67.

Se formos comparar a compra de um veículo de R$ 30 mil com prazo de pagamento de 5 anos, o resultado ainda seria favorável ao consórcio. Nesse caso, a taxa de administração seria de aproximadamente 0,77% ao mês, resultando em R$ 37.575,00.

No financiamento, a taxa de juros chegaria a 1,54% ao mês, o que demandaria o pagamento de R$ 46.179,60. O consórcio faria você economizar R$ 8.604,60.

Fica evidente, então, que você pode fazer um planejamento para adquirir as cotas de modo programado, de acordo com as suas possibilidades. Torna-se, portanto, uma maneira de programar seu futuro e conquistar bens para formar seu patrimônio, seja ele pessoal e familiar, seja empresarial.

Se você fizer isso, não precisará dar lances para adiantar a contemplação, porque estará sempre trocando de bem sem precisar investir um dinheiro à vista ou pagar taxas de juros muito altas.

Além disso, o consórcio possui diversas características que deixam claro o porquê de ser o investimento perfeito para quem quer construir um patrimônio:

Vamos entender melhor essas características:

O hábito de investir

O investimento deve ser um hábito na sua vida se você deseja formar um patrimônio. O valor aplicado mensalmente deve aumentar conforme a sua renda melhora com o passar do tempo.

O consórcio ajuda a fazer isso e permite que você alcance a riqueza com mais facilidade. O resultado é a sua independência financeira.

Sem contar que esse investimento é especializado e, ao mesmo tempo, simples. O formato de aplicação pode ser adotado por qualquer pessoa, mas é utilizado para um fim específico, que é a compra de mais bens.

A alavancagem proporcionada independentemente do valor

O consórcio é alavancado com aplicação de valores pequenos e altos. Isso porque é possível lucrar com um dinheiro que você, a princípio, não possui. Com a compra de imóveis você pode alugá-los posteriormente ou vendê-los para comprar outro melhor.

No caso dos veículos, a vantagem é poder manter o veículo sempre atualizado. Se você tiver uma empresa com uma frota, é uma forma de poder formar esse patrimônio empresarial investindo um montante baixo.

A baixa liquidez do consórcio

A baixa liquidez é um bom negócio nesse caso porque obriga você a aplicar o dinheiro mensal. Você sabe que não pode retirar o valor empregado em pouco tempo e o montante tem uma finalidade específica. Assim, você não cai na tentação de sacar os recursos financeiros para utilizá-los de outra forma.

A inserção no planejamento financeiro familiar

O consórcio é uma boa pedida — você já deve ter entendido isso. Mas como inserir esse valor mensal no seu planejamento financeiro familiar?

Existem algumas dicas que ajudam a fazer essa previsão e garantir que as suas finanças se mantenham em dia:

Escolha o consórcio adequado ao seu orçamento e necessidades

O melhor negócio sempre é optar pelo custo-benefício, não apenas pelo preço. É preciso escolher um consórcio que se enquadre nas suas condições financeiras e necessidades. Mas também é necessário comparar o valor da carta de crédito e o preço das parcelas para ver se elas estão adequadas ao seu orçamento familiar.

Outra possibilidade é você selecionar uma carta de crédito com valor mais baixo e guardar dinheiro para, quando for contemplado, adquirir um bem de preço maior completando a diferença. Porém, é preciso ter disciplina para isso.

Caso esteja com problemas financeiros na época da contemplação, a dica é escolher um bem de valor mais baixo e usar o restante do dinheiro para quitar as parcelas. É importante que essa possibilidade esteja especificada em contrato.

Compare a renda e as parcelas

O planejamento financeiro familiar deve considerar todos os pontos positivos e negativos atuais e os que podem ocorrer no futuro. Avalie até que ponto sua renda pode ser comprometida com o pagamento das parcelas.

Observe o limite legal para evitar endividamentos, que podem torná-lo inadimplente e prejudicar o grupo. Por isso, recomenda-se comprometer, no máximo, 30% da renda com o consórcio. Os outros 70% devem ser destinados para as despesas domésticas.

Considere potenciais imprevistos

Os imprevistos podem ocorrer a qualquer momento. Não se pode adivinhar o futuro, mas é possível se proteger. No caso do consórcio, a ideia é deixar uma reserva para gastos urgentes e eventuais, inserindo-os no cálculo do comprometimento da renda mensal.

Defina o prazo de pagamento

O prazo de pagamento pode variar muito e é preciso considerar essa questão no seu orçamento familiar. Mesmo que o consórcio não cubra juros, esse ponto é relevante pelo fato de que sua renda é comprometida por um longo período de tempo.

Sempre que possível, opte por um prazo de pagamento menor, porque nunca se sabe o que vai ocorrer. Se essa medida não puder ser adotada, tente reservar um dinheiro extra para colocar na poupança ou em outro tipo de investimento.

Reduza os gastos para investir mais

O consórcio pode exigir o corte de gastos para que você aplique um valor mensal mais alto. Faça uma avaliação das suas despesas e verifique o que pode ser reduzido. Anote tudo o que despende ao longo do dia e pense nos itens que são supérfluos, como passeios, lazer, roupas, entre outros.

A ideia não é deixar todos os luxos de lado, mas sim estabelecer prioridades para gastar com mais consciência. Assim você consegue criar um patrimônio muito maior e com mais qualidade.

Adote as ferramentas adequadas

A tecnologia pode ajudar a fazer um planejamento financeiro adequado. Utilize planilhas ou softwares de gestão que asseguram maior precisão no controle dos gastos e cálculos realizados. Outra possibilidade são os aplicativos instalados em dispositivos móveis.

Compreenda a seriedade do endividamento

O consórcio é uma dívida de longo prazo. Tenha isso em mente e evite se endividar com outras despesas. O recomendado é manter o controle e a disciplina financeira.

Foque no seu objetivo e mantenha os gastos em dia. Se estiver com despesas muito altas, reduza-as agora mesmo. Porém, optar por um financiamento ou empréstimo não é uma boa opção.

Aproveite o consórcio para pagar um valor baixo e sem juros a fim de formar seu patrimônio. Lembre-se sempre disso, porque assim será mais fácil economizar e ter um orçamento familiar equilibrado.

4 situações em que vale a pena contratar

Os aspectos já tratados neste post deixam claro que o consórcio vale a pena realmente. Porém, existem 4 situações nas quais é ainda mais relevante optar por essa modalidade.

Veja quais são elas:

1. Quando é possível esperar pela aquisição

O consórcio não dá o direito imediato de você ter acesso ao bem. Você contrata o plano, começa a pagar as parcelas mensais e aguarda o sorteio. Caso queira antecipar a contemplação, pode dar um lance nos formatos descritos anteriormente.

Por isso, o ideal é não precisar ter acesso ao bem imediatamente. Se você tiver um montante guardado e contar ainda com uma reserva financeira para imprevistos, aproveite para dar o lance. Isso antecipa o pagamento de algumas parcelas e ainda possibilita que você usufrua da carta de crédito para adquirir um imóvel ou veículo, por exemplo.

Uma alternativa é pagar as parcelas mensais e guardar dinheiro para amortizar a dívida. Essa opção deve estar prevista em contrato, mas é uma boa ideia se você pode aguardar para ter acesso à carta de crédito e deseja antecipar o pagamento.

Se optar por aguardar o sorteio, lembre-se de que tudo depende da sorte. Sua contemplação pode acontecer logo no primeiro mês ou no último. Essa prerrogativa também é válida para grupos que já estão em andamento, ou seja, aqueles em que você entra, e as assembleias já estão ocorrendo.

2. Quando se deseja fugir dos juros

O pagamento de juros é algo que ninguém quer. Essa é uma das grandes vantagens do consórcio, já que a contratação de um financiamento conta com essa cobrança, além da incidência de outras taxas.

No caso do consórcio, a diferença é que há a cobrança apenas da taxa de administração. Em alguns casos, pode haver seguro e fundo de reserva, mas todos esses valores são expressivamente menores que os de um empréstimo ou financiamento bancário.

Outro ponto positivo é que o valor da parcela é atualizado pelo preço do bem. Isso assegura o poder de compra daquele veículo específico, por exemplo. Assim o montante pago é reajustado, mas não pelos juros.

Nesse processo, você pode usar o seu carro usado para pagar as últimas parcelas do consórcio. A consequência é a obtenção mais rápida do bem desejado sem precisar continuar pagando por ele.

Aí é só comprar outra cota para poder trocar de veículo daqui a um tempo. Tudo o que você realmente deseja, certo?

3. Quando é importante economizar bastante

Seu desejo é economizar para formar um patrimônio? Se tem problemas com isso, o consórcio é a dica para chegar lá. A partir dessa modalidade de financiamento você consegue pagar pouco e manter os seus objetivos com foco.

É importante destacar que o consórcio também é uma modalidade de investimento e pode ser mais atrativa do que a poupança. Isso porque o primeiro não permite sacar o valor, ou seja, tem baixa liquidez, enquanto o segundo deixa o montante disponível para ser gasto a qualquer momento.

É por isso que dados da ABAC evidenciam que os consorciados conseguem poupar 4,5 vezes mais do que os investidores da caderneta de poupança. Essa questão é reforçada pelos seguintes dados: 78 milhões de pessoas guardam R$ 235 bilhões na segunda modalidade de aplicação. Já o primeiro sistema possui 2 milhões de consorciados e poupa R$ 27 bilhões.

Isso acontece porque, de modo geral, as pessoas têm dificuldade de guardar dinheiro. Os motivos são os gastos diários descontrolados e o fato de haver o pensamento geral de que é necessário ter uma grande quantidade de recursos financeiros.

Com o consórcio é possível investir em bens duráveis com uma baixa quantia mensal, podendo usufruí-los no final do pagamento ou na hora da contemplação. O resultado é poder utilizar o seu veículo ou apartamento por um custo bem menor do que nas demais modalidades de financiamento.

4. Quando é preciso disciplina

A disciplina é uma atitude difícil para a maioria das pessoas. Quando falamos especificamente da determinação para economizar dinheiro, pode ser ainda mais complicado. Afinal de contas, as tentações estão sempre por aí.

O consórcio ajuda a guardar dinheiro e manter seu foco em vista. Você estabelece prioridades e consegue economizar mesmo que não queira, já que precisa pagar a dívida todos os meses.

Caso fique inadimplente, poderá ter que pagar multas por atraso na ordem de 2% sobre as parcelas não pagas e juros de 1% ao mês. Outros problemas que ocorrem nesse caso são o impedimento de participar de lances e sorteios e até a expulsão, caso deixe diversos meses em aberto.

Então, é muito melhor manter o pagamento em dia. Assim, você evita problemas para participar das possibilidades de contemplação e não precisa pagar valores extras.

Como você pôde perceber, o consórcio é uma modalidade de investimento que pode ser adotada por qualquer pessoa, mas é ainda mais recomendada para quem tem dificuldade de economizar. Isso porque as parcelas se tornam um compromisso mensal, que resultam em um grande ganho no final.

Você ainda tem a possibilidade de aprender a priorizar seus gastos e a focar nos seus próprios sonhos. A consequência é a formação do seu patrimônio com segurança, tranquilidade e sem pagar juros. Em outras palavras, esse é o melhor dos mundos.

Agora você já sabe que não precisa mais se perguntar se o consórcio vale a pena, pois já sabe que a resposta é sim e entende qual é a melhor maneira de aproveitar essa modalidade. Gostou deste post? Então, aproveite e compartilhe-o nas suas redes sociais para ajudar outras pessoas que estão em dúvida!